Tema: A pratica do amor cristão
Texto: Gálatas 5. 4
O caos mundial denuncia a principal crise que vivemos a crise
de amor. O apóstolo Paulo já afirmou um pouco antes (v. 6) que a fé cristã
opera por meio do amor. Não podemos conhecer a fé sem o amor. Não podemos
exercer fé genuína em Deus e em Cristo e concomitantemente não praticar-mos o
amor. Deus é amor e Jesus Cristo é a confirmação prática do amor de Deus. Todo
aquele que “crê” em Deus e em Cristo também deve praticar o amor. Não existe
nada mais desagradável do que um ambiente hostil no qual as pessoas se
digladiam entre si ao ponto de quase se matarem entre si. A igreja é também uma
instituição e como tal é mister que aqueles que a compõem cultivem entre si um
ambiente de amor. Nalgum sentido penso no amor como uma longa escadaria da qual
a maioria de nós galgou apenas alguns degraus. Mas que possamos avançar nessa
caminhada.
O.I.: De que forma nós podemos
ser aperfeiçoados na prática do amor Cristão?
O.T.: É preciso conhecer o
pensamento “cristão” acerca do amor.
I. As atitudes contrarias ao amor (o que o amor não faz)
1.1 O amor é contrário a
calunias (v. 11)
Vemos nesse texto o apóstolo
Paulo precisando dar explicações mediante falsos boatos ao seu respeito. Alguém
havia espalhado a noticia de Paulo seria a favor da circuncisão, o que
favoreceria o pensamento dos judaizantes. Aliás, foram muitas as vezes que
falsos rumores surgiram a seu respeito.
Particularmente, não sou do
tipo que defende uma espécie de blindagem sobre a imagem de certas pessoas,
sejam elas lideres ou não. Todavia, me angustio profundamente de comentários
injustos lançados contra mim ou contra outros. Acredito que a velha brincadeira
do “telefone sem fio” reflete grandemente a realidade daquilo que vivemos no
dia a dia, ou seja, histórias distorcidas, males ampliados e valorizados
enquanto as coisas boas são amenizadas, esquecidas e escondidas. Estou
plenamente convencido de que as pessoas experimentadas no amor têm uma
capacidade dupla: 1) Elas não se deixam influenciar facilmente com a aparência de
bondade. Não ficam facilmente impressionadas com a aparente demonstração de
bondade que alguns dão. 2) Elas não condenam facilmente as pessoas mediante o
primeiro comentário Negativo ao seu respeito. Elas pesam os fatos, não se
deixando levar pelo primeiro boato. (Ilustração, Quando estiver diante de uma
questão, examine-a de ambas as faces antes de qualquer coisa).
Quero concluir esse ponto
dizendo que nenhum de nós possui alguma espécie de seguro contra calunias.
Qualquer caluniador pode proferir qualquer calunia contra qualquer homem e
contra qualquer mulher de bem e ainda assim a pessoa não ter como se defender.
A única “garantia” de dispomos é o fato de que o que houve seja alguém
experimentado no amor e saberá administrar a situação.
1.2 O amor é contrário ao
erro doutrinário (v. 10,12)
Quando digo “erro”
doutrinário eu me refiro a todo ensino, ideia, conceitos ou sofismas que
contrariem qualquer orientação bíblica desde as suas grandes doutrinas até os
ensinos mais elementares da fé e da conduta cristã.
Tal atitude dos judaizantes
estava “inquietando” os crentes em gálatas fazendo com que eles entrassem em
duvidas e assim se demovessem do seu estado de graça (v. 4). Por essa razão
Paulo profere contra os judaizantes certa sentença condenatória (v. 10) e chega
mesmo a desejar que sejam “castrados” os que assim procedem (v. 12).
Conclui-se assim que todo
comportamento que fere a verdade e que promove a “inquietação” no seio da
igreja deve ser prontamente rechaçado por todo cristão comprometido com o amor
cristão e com o Cristo de amor, e isso vale para qualquer pessoa (v. 10b)
1.3 O amor é contrário a
agressividade (v. 15)
É possível conceber um certo
tipo de “agressividade” cristã melhor entendida como zelo cristão. É o caso de
Jesus expulsando os vendedores do templo ou mesmo o caso de Paulo desejando a
castração dos opositores do evangelho entre os Gálatas (v. 12). Nesses casos o
que se vê é o que poderíamos chamar de “ira santa”.
Nesse caso aqui o que vemos
é uma agressividade carnal, uma hostilidade vil, injustificada e às vezes
preconceituosa entre irmãos. Atitude preconceituosa não combina com o
cristianismo. Olha o que disseram alguns santos do passado sobre o assunto:
Crisóstomo: Morder é ato de alguém que está furioso; devorar, de alguém que
persevera na milícia.
Lutero: Quando a fé em
Cristo é derrubada por terra, a paz e a unidade chegam ao seu fim na igreja
local. Opiniões e desavenças sobre doutrinas e sobre a vida diária v
ao surgindo, e um membro
morde e devora a outro, ou seja, condenam-se uns aos outros, até serem
consumidos. Rendal: Se o espirito de amor mútuo não impede os irmãos crentes de
fazerem de presas uns aos outros, então estão em perigo de tal destruição.
Calvino: Quão lamentável,
quão desvairado é que nós, que somos membros do mesmo corpo, estejamos
juntamente compactuados, de pleno acordo, para nossa destruição mútua.
Li recentemente uma
ilustração uma estória de uma serpente com raiva mordendo uma lima. Num
primeiro momento ela se alegra em perceber o pó que caia perto de si e assim
continua mordendo a lima. Algum tempo depois ela começa a sentir dor e ver o
sangue escorrendo. É então que se dá conta de que o pó que caia não era da lima
mais dos seus próprios dentes. Não suceda irmãos que em pensando que estamos
ferindo os outros com nossos atos estejamos de alguma forma ferindo a nós
mesmos. Sobretudo se somos corpo de Cristo.
II. Características próprias
do amor ( o
que o amor faz)
2.1 O amor age em esperança
(v. 10)
Apesar de toda evidencia
desfavorável Paulo continua tendo confiança. Isso não pode ser confundido com
credulidade ingênua. Paulo era consciente sobre questões como a apostasia. Em
2.4 ela reconhece a existência de falsos irmãos no meio de igreja. Em 2 Tm 4.
10 ele lamenta o fato de que um de seus companheiros íntimos, o Demas o
abandonou, amando o presente século. Devemos encarar com bastante seriedade e
realismo o fato de que às vezes o pecado dentro da igreja é resultado de vidas
irregeneradas; pessoas que de fato não experimentaram o novo nascimento. Não
obstante é preciso entender também que muitas vezes, penso que a maioria delas,
o problema não é de falta de novo nascimento mas de falta de crescimento, de
maturidade, de falta de discipulado profundo, de falta de compromisso com a
santidade de vida. Paulo diz então: confio de vós no Senhor.
A confiança de Paulo não é
ingênua. Paulo não confia no homem pelo homem. A Bíblia diz em determinada
ocasião que Jesus não se confiava às pessoas pois ele sabia o que havia no
homem (Jo 2. 24,25). A confiança de Paulo estava no Senhor. Apesar do momento
adverso Paulo estava convencido de chamado eficaz de Deus na vida daquelas
pessoas (v. 13a). A confiança na vocação soberana de Deus nos capacita a crer
que aqueles que se fizerem objeto desse chamado responderão positivamente à
correção e tornarão à verdade, à justiça. À fé. É como nos ensina o livro de
Hebreus: Deus disciplina ao que ama. Tudo aquele que se entende como filho de
Deus recebe de bom grado a correção. E aquele que não admite a disciplina é
porque de fato não é filho, mas bastardo. Quem ama aprende a esperar coisa
melhor das pessoas e de fato se alegra amplamente quando vê cumpridas as suas
expectativas.
2.1 O amor busca o serviço
aos outros necessitamos de maior mobilidade (v. 13b)
Devo dizer de inicio que se
queremos nos tornar melhores na arte de amarmos uns aos outros devemos entender
que amar não é somente negativo (suportar a raiva), mas é também positivo
(praticar o bem a outrem). Se você apenas tolera alguém ainda não entendeu o verdadeiro
sentido do amor cristão.
Duas ilustrações me vêm à
mente. Assistindo um filme ouvi uma frase que dizia mais ou menos assim: Assim
é a vida em equipe; cada um cuida da vida do outro. Também ouvi dizer que
existe uma espécie de ave que estando no seu ninho ver aproximar-se uma cobra,
ele se joga no chão fingindo estar com a asa quebrada. A cobra então como o
pássaro adulto deixando o ninho. Dessa forma a ave mãe salva a vida dos seus
filhotes com a sua própria vida.
Vivemos numa sociedade cada
vez mais egoísta e não nos enganemos, a cultura que temos assimilado é,
mormente a cultura de nossa era que a cultura do evangelho. Algumas vezes
servir ao próximo é muito mais uma questão de obrigação que uma questão de
satisfação. Estamos sempre por demais ocupados para podermos servir a alguém.
Quando reflito sobre isso me lembro da parábola do bom Samaritano. O sacerdote
passou por longe do homem ferido; o levita também nada fez. Mas então passa um
samaritano; alguém estranho a religião estabelecida em Israel, mas é justamente
ele quem faz alguma coisa pelo necessitado. Os cristãos evangélicos deveriam
olhar com mais atenção para essas questões. Servir ao nosso irmão precisa
deixar a zona de rebaixamento. Na nossa lista de prioridades precisamos elevar
a posição do item “servir”. Servir precisa deixar de ser uma coisa que fazemos
apenas quando estamos absolutamente disponíveis. Precisamos aprender a
sacrificar algo que não é importante a fim de podermos prestar algum serviço a
Deus e ao próximo. Lembro-me do que disse Davi a Ornã: não oferecerei ao Senhor
um holocausto que não me custe nada. Em fim, precisamos deixar de ser
lanterninha em termos de servir a Deus, à igreja, ao irmão. É esse sentimento
que nos faz por exemplo, trazer o nosso alimento a fim de oferecer uma cesta
básica a alguém. É esse sentimento que nos faz botar cadeiras na cabeça quando
vamos realizar um culto publico. É esse sentimento que deve existir quando
vemos na igreja algo que deve ser e então tomamos a iniciativa em vez de
ficarmos criticando quem não fez. Deus nos faça crescer nesse aspecto do amor.
III. A PRATICA DO AMOR, COMO
SE DÁ? (V.14)
3.1 Efetivamente: Amarás.
Todo crente deve ser capaz de identificar de forma concreta de que forma tem
praticado o amor. Deve ser capaz de comparar a sua pratica a luz da Bíblia e confirmar
se de fato está andando, crescendo e desenvolvendo-se em amor. Você está
vivendo em amor?
3.2 Ao teu próximo. Envolve
todas as pessoas; os nossos inimigos, aqueles com quem temos pouca afinidade,
aqueles que antipatizamos, aqueles que não gostamos de amar, mas certamente
deveríamos amar principalmente aos mais desprovidos e marginalizados.
Certamente que vale mais um pedaço de pão para quem está com fome que uma
lasanha para quem já esta saciado. Certamente que é mais valido dar uma carona
para uma pobre senhora que para o empresário que ficou no prego no meio da rua.
Quando menos tem a pessoa para me retribuir, mais realçado fica o amor.
3.3 Como a ti. É instintivo
que desejemos nosso próprio bem. O que nem sempre é instintivo é que desejemos
o bem do nosso próximo com intensidade semelhante ao que temos quanto ao nosso
próprio bem. O pecado nos tornou pessoas egoístas. Mas Jesus nos convida a
andar na contramão do nosso egocentrismo desejando intensamente que nosso
próximo se “dê bem”.
3.4 Eis o melhor cartão
postal. Eis a melhor doutrina. Eis o melhor compêndio de doutrina cristã. As
pessoas poderão sistematicamente rejeitar a nossa doutrina, negar as nossas
afirmações, amaldiçoar a nossa fé, rir-se da nossa fraqueza humana, desprezarem
a nossa mensagem, mas se tivermos amor uns para com os outros todos conhecerão
que somos discípulos de Jesus. O amor é a resposta quando tudo mais fracassa.
CONCLUSÃO: Há muitas maneiras de demonstrar amor ao próximo. Todavia, há
uma que a todas supera ao meu ver: Trata-se de mostrar para as pessoas o grande
amor de Deus. É dizer para elas que Deus amou o mundo de tal maneira... é
ajudar as pessoas a encontrarem o caminho de volta para Deus. É ir até os
lugares longínquos anunciar o evangelho da graça de Deus em Cristo. É
proporcionar para os que estão cativos a uma cultura de morte a contracultura
do reino de Deus que é vida em abundancia. Que Deus que é infinito em poder
transforme os nossos corações e nos conduza à pratica do amor cristão.
Pr. João Batista de Lima